EXISTÊNCIAreprise, João Fiadeiro
(2018)
SYNOPSIS
Durante 5 horas seguidas - das 14h às 19h - o grupo ocupará uma das galerias do museu, em estado continuo de performance, navegando entre o “on” (da ação) e o “off” (da preparação), com um único objectivo: misturar estes dois estados ao ponto de se confundirem e não se conseguir distinguir o guest do host. No processo, criar um g.host: uma presença-coisa, sem forma definida (disforme), que tem como única função oferecer-se como tela para que o visitante projecte o seu imaginário.
CREATIVE CREDITS
João Fiadeiro
with Sílvia Pinto Coelho, Luca Bellezze, Luara Learth Moreira, Julia Salem, João Estevens, Joana Von Mayer Trindade, Iván Haidar and Julián Pacomio.
EXHIBITION
CIAJG (Guimarães, PT)
EXISTÊNCIAreprise retoma a experiência do projeto Existência, que João Fiadeiro criou em 2002 com estreia no Centro Georges Pompidou em Paris. A sua dramaturgia consistia em colocar os performers em frente a um público sem qualquer tipo de partitura, ao mesmo tempo que recusava a ideia de que se tratava de uma improvisação. Era uma composição onde as decisões de direcção, relações criadas e sentidos dos acontecimentos, mesmo sendo definidas em tempo real, eram ensaiados pelos performers até à exaustão e em função de critérios e premissas absolutamente rigorosos. Critérios e premissas esses que iam sendo estabelecidas e desenhadas durante os ensaios e que deram corpo à ferramenta de Composição em Tempo Real desenvolvida por Fiadeiro até hoje.
Se os performers não sabiam ao que iam, o espectador tão pouco tinha acesso à informação de que aquilo que via era uma composição em tempo real. Deslocava-se ao teatro e pagava o seu bilhete para ver a “nova criação de João Fiadeiro” e olhava para tudo o que se desenrolava à sua frente com olhos de espectador: como se cada gesto ou decisão tivesse sido ensaiada e antecipada por um coreógrafo, por um autor. Esse olhar, carregado de expectativa (de pré-conceito), era absolutamente necessário para que o projecto cumprisse uma parte do seu desígnio: dar a um acontecimento imprevisível a qualidade de um gesto inevitável.
Nesta nova versão em Guimarães, o objeto-espetáculo passa à categoria de exposição e o espectador passa a visitante que - se tiver lido estas palavras - saberá ao que vem. Mas não saberá ao certo o estatuto daquilo que está a ver (performance, ensaio, intervalo, etc) ou se o “acontecimento” está a decorrer, acabou de acabar ou está prestes a começar.
O Existência movia-se na fronteira entre processo e produto, obra e ensaio, ação e pensamento. É essa mesma hibridez que João Fiadeiro convoca agora com esta reprise, expressão utilizada no sentido que lhe dá Kierkegaard e que nos diz que “la reprise est cette "catégorie paradoxale" qui unit dans l'existence concrète ce qui a été (le "même") à ce qui est nouveau (1’"autre")” (O retomar pertence aquela “categoria paradoxal” que conjuga na existência concreta aquilo que foi (o mesmo) àquilo que é novo (o outro)”).
Ou seja, não se trata de repetir o Existência, mas de retomar a sua dimensão irredutível: a experiência do desconhecido, do inacabado, do inesperado.
A experiência da existência.
Action / Decision
The Order of Factors is not always Arbitrary
Curated by Mariana Brandão
April-May 2018
“Ação/Decisão” (“Action/Decision”) is an exhibition which shows what is happening. The authors, artists or a collective, will inhabit the CIAJG and perform their work at the museum. The general public is invited at any time during the first week to appreciate the work of Arthomem – Fernando Brito, Manuel João Vieira, Pedro Portugal and Pedro Proença – and next meet up with Vânia Rovisco’s work, and in the third part do likewise with João Fiadeiro and a group of his guest artists. The three parts of the exhibition will be followed by three film-makers who will create the catalog, this time in a filmed version, of works in which the relevance of transience, friction, decision-making and action are exacerbated and vigorously problematicized for being intrinsic to this experience.